A Câmara Municipal de Ouro Preto decreta:
Art. 1º - Fica concedido Título de "CIDADANIA HONORÁRIA" à Sra.MAGDA DE FATIMA GONTIJO DE GODOY pelos relevantes serviços prestados à comunidade deste Município.
Art. 2º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Justificativa:
MAGDA DE FATIMA GONTIJO DE GODOY veio ao mundo em Divinópolis, no Bairro Niterói; como na cidade fluminense, o acesso principal ao bairro era através de uma ponte, só que, no caso, o mar é o Rio Itapecerica. Numa família de quatro irmãos, nasceu “empelicada” o que, para os antigos, é sinônimo de sorte na vida.
Desde pequena foi o braço direito do pai no Armazém São Pedro: muito comunicativa, todos os viajantes que por lá passavam adoravam conversar com ela. Estimulada pela sua mãe Dorazilba, sempre foi destaque nas novenas, teatros e coroações do Niterói. No dia de seu aniversário de 7 anos, teve dois fatos importantes para comemorar: fez a primeira comunhão de manhã e à tarde foi pela primeira vez para a escola. No curso primário já se destacava como boa aluna e revelava sua tendência para a atenção à saúde assumindo a função de Enfermeira Escolar, com uniforme cuidadosamente desenhado e costurado pela sua mãe a partir das lembranças das enfermeiras que cuidaram de seu pai Pedro quando foi ferido nos campos de batalha da Itália na Segunda Guerra Mundial. No Coral Menino Jesus, do Padre Davi, conheceu a música portuguesa e se tornou uma exímia cantora de fados, além de participar ativamente como declamadora dos recitais do grupo de jovens poetas modernos que surgiu em Divinópolis no início dos anos setenta.
Fez o ginásio e o magistério no Colégio São José e o científico no Colégio Estadual de Divinópolis. Encantou-se com o ar romântico de Ouro Preto a partir de imagens vistas na televisão e, surpreendentemente, conseguiu contornar a rigidez familiar para fazer o vestibular do curso de Farmácia. Aprovada, chegou aqui numa manhã de domingo de março de 1972 trazida por uma comitiva familiar encabeçada pelo seu saudoso Tio Jésus. Hospedou-se na tradicional Pensão de Dona Maura, situada na confluência da Alameda Vitorino Dias com a Rua do Pilar. Ali encontrou na proprietária uma segunda mãe e nos rapazes e moças hóspedes da casa, amigos para a vida inteira. Com estas moças fundou a República Sem-Vento na Vila Peret, a segunda república feminina do curso de Farmácia, antecedida pela República Com-Vento.
No curso de Farmácia foi uma excelente aluna, sendo os seus cadernos de anotações disputadíssimos nos períodos de provas. Foi oradora de sua turma, o que já vinha acontecendo desde a quarta série primária. Além do diploma de Farmacêutica, foi titulada nas Habilitações de Análises Clínicas e de Indústria Farmacêutica, e, posteriormente, fez Especialização em Homeopatia. Durante o curso de Farmácia iniciou um namoro com o seu Professor Victor que sobreviveu às gozações gerais de estudantes, funcionários e professores e desaguou num casamento que pavimentou a sua fixação definitiva em Ouro Preto. Dele nasceram quatro filhos que, com seus amigos, mantiveram a sua casa sempre cheia, transformando-a num polo de ampla participação de todos nos blocos de carnaval, nas coroações de maio e nas concorridíssimas subidas ao Itacolomi.
Exercendo a sua profissão, sempre vivenciou intensamente na farmácia comunitária o conceito de assistência farmacêutica: além de manipular medicamentos, preocupou-se em interagir com seus clientes orientando-os sobre a forma correta de utilizá-los e encontrando sempre um tempo para ouvi-los sobre os males do corpo e da alma. Ampliou esta ação social envolvendo-se mais profundamente com a realidade ouropretana com o Grupo Luiza de Marillac, que desenvolveu ações de promoção humana na região do Pocinho. Em seguida, fez parte da valorosa equipe fundadora do Conselho Tutelar de Ouro Preto e contribuiu para sedimentar, com muitas dificuldades, as bases da atenção à criança em nossa cidade, percorrendo todo o seu vasto território.
Ainda com os filhos pequenos, iniciou suas atividades de catequista na Paróquia de Cristo Rei com o Padre Agostinho, transferindo-as mais tarde para a Paróquia do Pilar. Encaminhou centenas de crianças para os caminhos da espiritualidade cristã e dedica-se hoje à catequese de adultos, o que tem lhe exigido a participação constante em cursos de aprofundamento teológico. É entusiasta dos Grupos de Reflexão, que se reúnem em casas para estudar o Evangelho a partir da análise de fatos da realidade; tudo isto seguido de um bom cafezinho que ajuda a reforçar as amizades e a comprometer os católicos com a participação na melhoria das condições de vida de nossa cidade. Participante ativa das atividades paroquiais e da Arquidiocese de Mariana tem se destacado na divulgação dos temas das Campanhas da Fraternidade, realizando palestras que visam a conscientização e a mobilização comunitária em relação às questões ambientais. Na opinião da Irmandade de São Francisco de Assis, anima
algumas palestras “... tocando violão divinamente...”.
Com a sua alegria e delicadeza contagiantes, Magda conquistou a sua cidadania em Ouro Preto aprendendo a construir seu Castelo Interior com Santa Tereza D’Ávila, para quem a felicidade, que ela chama de Deus, está dentro de cada um de nós e não pode ser encontrada em nenhum outro lugar.