Senhor Presidente,
Requeiro de Vossa Excelência, nos termos regimentais desta Casa, seja concedida MOÇÃO DE APLAUSO ao Sr. Anderson Luiz Dias, aluno da UFOP, deficiente visual, cursando o primeiro curso de Engenharia Urbana do país.
Justificativa:
Em tempos que precisamos implementar com urgência a Política Nacional de Mobilidade Urbana e o Plano de Mobilidade Urbana de Ouro Preto, a cidade ganha o primeiro curso de Engenharia Urbana do Brasil e tem como um de seus alunos, um graduando cego, disposto a entender a cidade e comprometido na superação dos problemas estruturais e sociais urbanísticos.
A necessidade de se deslocar diariamente para realizar tarefas corriqueiras é, muitas vezes, um desafio para quem vive nas cidades. Para os deficientes esse desafio é incomparavelmente maior. Para os deficientes que precisam transitar por cidades como Ouro Preto é uma tarefa quase impossível.
Por isso é tão relevante para nós um curso que destina a formar profissionais aptos a trabalharem com a gestão, ocupação e desenvolvimento das cidades e tão representativo um aluno deficiente disposto a solucionar os problemas estruturais e sociais urbanos, engajado em melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Devido a um glaucoma (um tipo de lesão do nervo óptico que pode provocar a cegueira) a perda da sua visão se iniciou parcialmente aos 13 anos e se toalizou aos 24 anos. Foi preciso realizar um processo de alfabetização através do método braile. O jovem sempre se interessou por atividades culturais e pela aquisição de novos conhecimentos. Porém, em uma visita ao museu dos Inconfidentes na cidade de Ouro Preto, percebeu que aquele rico patrimônio histórico da humanidade não possuía estrutura para receber portadores de deficiência física ou visual. Inconformado com aquela situação decidiu que era necessário tomar alguma atitude para permitir a acessibilidade a todos os espaços. Com as diversas reivindicações, incluindo a de Anderson, o Museu dos Inconfidentes, atualmente, oferece suportes como rampas para usuários de cadeiras de rodas, placas de baile e áudio para que os deficientes visuais possam ter um melhor acesso.
Sinônimo de persistência, adaptação e superação, Anderson luta pelos direitos de inclusão dos deficientes na sociedade. Atualmente realiza oficinas sobre braile (linguagem utilizada para leitura e escrita de deficientes visuais) e acessibilidade, na Biblioteca Municipal de Mariana e pretende, futuramente, se dedicar exclusivamente aos estudos para prestar um concurso público.