A Câmara Municipal de Ouro Preto, DECRETA:
Art. 1º - Fica concedido ao Senhor João Evangelista da Silva, Diploma de Mérito Desportivo, por sua história de destaque e dedicação ao esporte ouro-pretano.
Art. 2º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
HISTÓRICO:
João Evangelista da Silva, nasceu em Ouro Preto, mais precisamente na Rua Antônio Martins número 19 na Barra, no dia 24 de junho de 1944. Filho da Dona Guiomar e do Sr. Alfredo, João Evangelista é o terceiro filho de uma família de onze irmãos. Casou-se no dia 01 de julho de 1972 com a senhora Vanda Maria Ferreira da Silva, é pai de três filhos e avô de 6 netos.
João Evangelista da Silva, é filho da terrinha, e sempre viveu em Ouro Preto. Por ser membro de uma família humilde, teve uma infância de muito trabalho. Acordava cedo para preparar o café e ajudava sua família em diversas formas. Ajudava o seu pai a distribuir leite pela cidade em sua charrete e a carregar malas de viajantes recém chegados na estação ferroviária para os hotéis ou outros destinos. Na estação, trabalhava também como engraxate. Aposentou-se com 47 anos de trabalho e dedicação na empresa Alcan Alumínio do Brasil. Há seis anos é membro efetivo do Conselho de Administração na Cooperouro.
João Evangelista da Silva, apesar da infância atribulada, sempre conseguia um tempinho para “bater um ranca” na Rua Xavier da Veiga, bem próximo de onde morava. Entrou para o “grupo” (escola) aos cinco anos e até sua mudança para o ginásio aos dez, passou a jogar futebol frequentemente com os colegas e, geralmente com colegas mais velhos porque já, desde novo, se destacava neste esporte. Foi nesse período que recebeu o apelido que vem o acompanhando por toda vida. Apesar das diferentes versões para este apelido, a oficial (e real) é que ainda no “grupo” (entre 5 e 10 anos), sofreu uma fratura séria durante uma partida e chorou muito... e à partir daí surgiu o João Mocinha. Na época do ginásio, passou a fazer parte do time da escola Normal e em conjunto com seus amigos da Rua Xavier da Veiga (e alguns agregados) participou da criação do Clube Itacolomy. Estes, portanto, foram os primeiros times para os quais jogou. Naquela época, era comum as disputas entre escolas e o futebol, assim como hoje, movimentava a cidade. Foram incontáveis partidas do Time Itacolomy contra outras equipes da cidade como Colégio Arquidiocesano entre outros.
João Evangelista da Silva, aos 16 anos de idade, ingressou no Guarany Esporte Clube onde permaneceu por vários anos. No futebol de campo, ele jogou, além do Guarany, no Tabajaras, Aluminas e em diversas ocasiões na seleção de Ouro Preto. Anualmente, no aniversário da cidade, era formada uma seleção ouropretana para jogar contra um time de fora. João Mocinha lembra-se que, em uma destas partidas anuais, contra o América Mineiro, foi convidado para fazer um teste neste clube por ter tido sua qualidade como jogador notada por um dos dirigentes do clube. O convite, porém, foi refutado uma vez que o trabalho, estudos e obrigações familiares não permitiram.
O futebol de salão entrou em sua vida a partir do momento em que entrou na Aluminas (Alcan) aos 18 anos de idade, em 1962. A partir daí, ele passou a conciliar o futebol de campo e o futebol de salão durante os torneios internos e externos promovidos pela Alcan. No futebol de salão, ele representou diversos departamentos dentro da empresa, além de compor times informais como time da família, dos amigos entre outros, jogando em várias cidades. Em um dos eventos esportivos organizados pela empresa para os empregados e familiares, o João Mocinha foi escolhido para fazer a abertura oficial dos jogos, onde no ginásio da Associação Atlética Alumina, carregando uma tocha acessa para acender a “pira olímpica” na abertura do evento, como alusão a cerimônia da abertura das Olimpíadas.
A partir dos 30 anos de idade, o senhor João Evangelista da Silva, já com os cabelos brancos, era constantemente ridicularizado pelas torcidas adversárias antes dos jogos. Ninguém “botava fé” no “velhinho” até a bola começar a rolar e a realidade se apresentar: dribles, passes certeiros e muitos gols. Sua carreira no futebol amador encerrou-se nos anos noventa, depois de quatro décadas dedicadas a uma das principais paixões do povo brasileiro. Sua genialidade no trato com bola era marcante, e sem dúvida o futebol foi o esporte no qual João mais se destacou. Mas trata-se de um atleta nato e, além do futebol, ele já praticou regularmente o ping-pong, peteca e até hoje pratica diariamente a corrida. Levanta-se às 3h30 da manhã para correr aproximadamente 7Km diários e depois tomar o seu banho gelado para iniciar o dia. João Evangelista da Silva, carinhosamente chamado de João Mocinha, já trouxe muitas alegrias e emoções aos gramados e quadras ouro-pretanas. E ainda hoje, aos setenta e seis anos nos ensina com o seu exemplo que um dos segredos de uma vida saudável e longa é o cuidado com nosso corpo. Apesar dos diversos desafios e intempéries vividos, o esporte estava ao seu lado, como um aliado, trazendo conforto, força e mostrando que os desafios às vezes parecem ser instransponíveis, mas a superação só é possível com determinação, empenho e muita disciplina.
Portanto peço aos meus pares que aprovem o Diploma de Mérito Desportivo ao Senhor João Evangelista da Silva, por sua história de destaque e dedicação ao esporte ouro-pretano.