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À

Diretoria da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, sede em Paris;

C/C: À Comissão Internacional sobre os Futuros da Educação;

Assunto: Envio de uma Comissão a cidade Ouro Preto – MG. 

Ouro Preto, primeira cidade brasileira a ser declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade;

  • O maior patrimônio do município de Ouro Preto – MG, é indiscutivelmente seus municípes !  É dever do município zelar pelo seu povo, administrando os recursos de maneira responsável, abrangendo as necessidades individuais e coletivas,  assegurando  direitos e transformando realidades; 
  • A Política Pública deve visar produzir  resultados, realizar objetivos, possibilitar o acesso a bens e serviços, concretizando direitos basicos, essenciais e fundamentais à população;

Considerando  que, em Ouro Preto os bons e efetivos resultados desejados pela sociedade estão sendo desprezados, apresentamos os seguintes argumentos:

Dos Fatos:

O nosso povo tem uma história marcada muitas vezes pela falta de oportunidades, pelo desrespeito a direitos básicos fundamentais por parte do poder público;

No momento atual entre inúmeras situações uma das mais graves é a incapacidade do poder público de garantir o direito ao acesso à educação de crianças e adolescentes;

A pandemia da Covid 19, afetou muito a educação de jovens e crianças em todo o mundo; em nosso município não foi diferente.  Dois anos de distanciamento social, o comprometimento do


calendário escolar, os retrocessos no processo educacional e da aprendizagem dos estudantes;

As dificuldades de acessar o conteúdo das aulas remotas, a falta de internet e equipamentos, a evasão escolar ocasionando uma série de consequências para a vida das crianças e dos adolescentes, comprometendo as gerações futuras;

Considerando que a educação básica de qualidade é fundamental para o desenvolvimento intelectual de crianças e adolescentes, instrumento imprescindível para o desenvolvimento de uma sociedade justa e igualitária, além de ser um direito garantido pela Constituição Federal;

No pós pandemia o efetivo direto a educação; o tão desejado retorno às aulas com atividades totalmente presenciais; no entanto, em Ouro Preto – MG, persistem os transtornos e negações diárias do direito à educação o que aumentam a probabilidade de os jovens não darem continuidade aos estudos; são inúmeros os problemas pelos quais atravessam o povo ouro-pretano!

Hoje a educação em Ouro Preto atravessa um período de dificuldades decorrentes da má administração pública, que tem se mostrado inábil em solucionar o problema:

Levando-se em conta o período em que as unidades educacionais estavam fechadas por conta da pandemia; obras de reformas foram iniciadas tardiamente e de forma aparentemente sem que houvesse planejamento definido para uma essencial sequência dos trabalhos, tendo por resultados:

  • Escolas em condições incompatíveis com as necessidades da comunidade escolar; inacabadas e/ou paralisadas, o que demonstra na prática a ausência da elaboração de um projeto das ações, provocando atrasos no efetivo retorno as aulas;
  • Retorno as aulas em prédios/casas; locais improvisados, inapropriados;
  • A ineficiência nos serviços do transporte escolar para estudantes da zona rural, distritos e localidades, somado ao todo ocasiona:
  • A evasão escolar, em parte decorrente das adversidades vivenciadas por alunos, professores e pais;
  • A existência de denúncias de membros do Conselho Tutelar municipal;(Fala da Conselheira sobre o transporte escolar)
  • “...A ineficiência da rota e muito grande, buscam alguns na parte da manhã, não buscam na parte da tarde, buscam alguns alunos e não buscam outros! ”
  • (...) Que segundo as famílias o transporte é facultado a alguns alunos de acordo com a orientação de vereadores; que supostamente membros do Legislativo Municipal interferem no fornecimento do transporte escolar;
  • (...)
  • Em Ouro Preto, é imprescindível corrigir desigualdades e proporcionar oportunidades iguais para todos!

As comunidades escolares precisam ser protegidas, amparadas visando a aprendizagem como meio de assegurar o desenvolvimento hoje, das gerações que serão responsáveis por administrar o futuro da nossa sociedade;

No que tange a preservação do patrimônio histórico, é visível que o município necessita também de um choque de realidade, são consideráveis os problemas e que merecem um levantamento minucioso da real situação da preservação de casarões e monumentos históricos, como exemplo:

  • Igreja do Bom Jesus de Matosinhos ou de São Miguel e Almas; a capela dedicada aos Santíssimos Corações de Jesus, Maria e José, Senhor do Matosinhos e São Miguel e Almas. Construção iniciada em 1771, menciona o Aleijadinho como o autor da magnífica portada, anotações no livro da Irmandade (1778); é um dos exemplos de patrimônio em situação de degradação e lamentavelmente, é muito provável que após uma minuciosa vistoria haja a confirmação de que sim, está havendo no mínimo falta de diligência para solucionar os problemas existentes;   
  • A Matriz de São Bartolomeu no distrito de São Bartolomeu, com obras da metade do século XIX, o monumento apresenta situação física precária em decorrência da degradação de seus elementos construtivos, processo que se agrava por infiltrações no telhado, falta de drenagem pluvial no entorno da matriz, que são condições demasiadamente prejudiciais, ameaçando a integridade física dos elementos artísticos da matriz;

Os fenômenos naturais existem, os órgãos pesquisadores que acompanham as mudanças climáticas e geológicas, advertem há anos sobre a situação das encostas, dos taludes que comprometem a segurança e qualidade de vida das pessoas e pouco tem sido realizado.

Há a insuficiência das ações do governo federal, estadual e municipal, para somar esforços visando realizar as medidas cabíveis à proteção da cidade e de sua população que clama a devida assistência.

Diante da perceptível necessidade de movimentar órgãos e setores responsáveis, visando assumir os cuidados, as garantias dos direitos das crianças e adolescentes, e da preservação do patrimônio em sua totalidade; venho muito respeitosamente, por meio desta representação,  solicitar à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, sede em Paris, que encaminhei a Ouro Preto uma delegação com a finalidade de:

  • Avaliar a atual conjuntura da educação básica no município, bem como das condições de preservação da herança patrimonial histórica e de tudo mais o quanto for possível, qualificando a atenção dada aos elementos que possibilitaram  a concessão do título a Ouro Preto de Patrimônio Cultural da Humanidade,  objetivando  resgatar a autoestima e o orgulho de nossa população.

Que os membros da Comissão instituída por esta entidade, possam averiguar junto aos órgãos, instituições e Conselhos Municipais os registros da lamentável situação exposta;

  • Conselho Municipal de Educação – CME;
  • Conselho Tutelar, Secretaria Municipal de Educação, Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (CACS/FUNDEB);
  • Ao Ministério Público de Minas Gerais, comarca de Ouro Preto:
  • 3ª Promotor de Justiça, que trata da Defesa da Saúde, Defesa do Patrimônio Público;
  • 4ª Promotoria de Justiça, responsável pelas áreas de Defesa das Crianças e Adolescentes (Cível e Infracional) Defesa dos Direitos Humanos e outros;
  • A Câmara Municipal de Ouro Preto: os inúmeros documentos encaminhados ao executivo municipal;

Nas gravações de reuniões com a participação na Tribuna Livre de educadores, pais e membros dos conselhos relatando os problemas graves e rogando por providências;

A crise instalada na educação, agravada por causas diversas, e tendo por consequências o déficit no aprendizado de nossas crianças e adolescentes, o que torna inadmissível o prolongamento do atual contexto  tendo em vista que o ano letivo de 2022 está próximo do fim;

As famílias aspiram iniciar o ano escolar em 2023 com as condições adequadas; com o suporte que garanta o direito fundamental a educação básica, tão devastada no município;   

  • Ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, objetivando um apanhado das situações dos inúmeros problemas existentes em relação aos elementos arquitetônicos que compõem o acervo histórico do município;

Convicto de que esta douta organização não se furtará em realizar uma pesquisa em loco no intuito auxiliar-nos para que ocorra um chamamento as autoridades, notificando-as em relação ao descumprimento de suas obrigações/deveres; negligenciando a infância, a juventude de Ouro Preto, assim como, do desmazelo com a preservação de monumentos históricos, como por exemplo os que seguem fotos anexas, os quais são motivos de orgulho de nossa comunidade.

Sem mais para o momento, desde já agradeço toda a atenção dispensada ao Povo de Ouro Preto.

 

 

Júlio César Ribeiro Gori.

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